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quarta-feira, 30 de abril de 2014

Caseiro é preso por suspeita de participação na morte do coronel Malhães

Foto de arquivo de 25/03/2014 do coronel reformado Paulo Malhães, de 76 anos, durante depoimento à Comissão Nacional da Verdade, no centro do Rio de Janeiro, sobre a Casa da Morte, centro clandestino de tortura que funcionou em Petrópolis, na Região Serrana do Estado do Rio, nos anos 70. Malhães contou recentemente em depoimento à Comissão Estadual da Verdade do Rio que foi o responsável por sumir com o corpo do ex-deputado Rubens Paiva. Ele também detalhou os métodos para se livrar dos presos políticos mortos no local sob tortura. Malhães foi encontrado morto nesta manhã no sítio em que morava em Nova Iguaçu (cidade na Baixada Fluminense). O corpo apresentava marcas de asfixia, segundo a Polícia Civil.

Policiais da Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense prenderam ontem (29) Rogério Pires, caseiro do sítio onde morreu o coronel reformado do Exército, Paulo Malhães, 76 anos, na semana passada. De acordo com a Polícia Civil, Rogério foi preso logo após prestar depoimento na especializada. Contra ele foi cumprido mandado de prisão temporária, expedido pela Justiça, pelo crime de latrocínio (roubo seguido de morte).

Em depoimento, Rogério confessou ter participado do crime, ocorrido na última quinta-feira (24), no sítio do coronel, na área rural de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, depois que a polícia identificou várias contradições entre o primeiro depoimento prestado na última sexta-feira (25), após o crime, e o depoimento de hoje .

A morte do militar, ocorrida durante invasão ao imóvel rural, no entanto, pode ter sido por infarto, segundo documento emitido para o sepultamento. 

Não foram divulgados pela polícia detalhes sobre as informações do depoimento que explicam como ocorreu a morte de Malhães. Ontem, Rogério e a viúva do militar, Cristina Batista Malhães, foram ouvidos na delegacia. Além deles, três filhos do coronel também prestaram depoimento.

Em interrogatório prestado à Comissão Nacional da Verdade no dia 25 do mês passado, Malhães, que atuava sob o codinome de Pablo, confessou crimes cometidos na chamada Casa da Morte de Petrópolis - um dos centros de tortura do regime militar. Por isso, a entidade teme que possa ter havido crime de vingança. O coronel disse no dia que não revelaria nomes de companheiros porque implicaria "uma série de outra sanções". Ao ser questionado se essas sanções seriam vingança, ele responde afirmativamente. "Não em mim, nos meus filhos".

No testemunho à Comissão da Verdade, Malhães deu sua versão sobre a operação do Exército para desaparecer com os restos mortais do deputado federal Rubens Paiva. Informou também que agentes do CIE mutilavam corpos de vítimas da repressão assassinadas em Petrópolis, arrancando suas arcadas dentárias e as pontas dos dedos para impedir a identificação.Movimentos sociais e entidades governamentais querem a criação de um centro de memória no local da antiga Casa da Morte.

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