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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Fraternidade e Juventude - Júlio Lázaro Torma*

"Eis-me aqui, envia-me"( Is 6,8)

A Campanha da Fraternidade deste ano de 2013, retoma o tema da Juventude, que já foi conversado e refletido em 1992, com o tema: " Juventude Caminho Aberto".

Neste ano somos chamados a refletir em preparação da Jornada Mundial da Juventude que ocorrerá no Rio de Janeiro no corrente ano.

A C.F não só convoca a Igreja Católica mas toda a sociedade brasileira a olhar para a nossa juventude.Quando se fala em juventude, alguns imaginam em " estado de espírito".

Mas ela é também classe social, ela tem rosto não é só uma faixa etária de 15 á 29 anos.Os jovens são os protagonistas, o presente e o futuro da igreja e da sociedade.

Eles tem rosto e até forma de se organizarem como se reúnem de acordo com seus costumes, gostos, ideologias e através de grupos étnicos diversos. Se organizam em " tribos", grupos religiosos, ecológicos, redes sociais( internet), grupos artísticos, contra a globalização e as gangues.

Que são formas de resistência, de protesto contra o autoritarismo da sociedade, pois nós acreditamos que por nossa experiência tudo sabemos, gostamos de falar, mandar e não ouvimos os jovens e não deixamos serem os protagonistas.

Juventude ' caminho aberto", mas a família, Igreja, sociedade fechamos este caminho.Fechamos a participação dos jovens nas decisões. É fácil criticarmos os jovens, dizer que são alienados, que não querem nada com nada, que só querem festas, farras e internet e que não tem ideais.

Quando tem ideais nós os cortamos, criticamos e não deixamos se expressarem e falar.

Sem perspectivas de vida, futuro os jovens acabam caindo na deliqüencia, nos vícios, na drogadição, super lotando o precario sistema prisional, se tornando exercito de reserva do narcotráfico e do capitalismo.

Em nome da sociedade de consumo e de um sistema que os exclui, muitos jovens caem no sub emprego, desemprego,vitimas da precarização do mundo do trabalho, trabalho escravo,na prostituição, vitimas da pornografia, tráfico humano,violência no campo, além da violência normativa e estatal (policial) que extermina a juventude pobre das periferias das cidades e do campo em sua grande maioria negra.

Diariamente a mídia bombardeia a juventude com falsos valores e o narcotráfico inventa drogas mais potentes para destruir e alienar os nossos jovens.

Na Igreja muitos leigos, presbíteros, bispos estão mais preocupados em rebanhões, concentrações de fé, super lotar as comunidades e não se preocupam com a Pastoral da Juventude, alguns de forma autoritária procuram desmante-lar,pois acham que os jovens não tem capacidade e procuram infantilizar estes jovens em vez de ouvi-los e fazer que participam e que sejam protagonistas.

Muitos municípios e estados não tem políticas públicas para a juventude e nem abrem espaços para que os jovens falam, se expressam e participam,pois estes no caso não passam de números ou meras estatísticas.
O que faz com que exista um grande desinteresse dos jovens pela política e pela religião,no caso da religião procuram uma fé mais individualista e menos ritualistas.

A juventude não quer ser número ou estatísticas, ela quer viver, participar e ser ouvida.

" Eis me aqui, envia-me" é o grito da juventude que quer participar e quer ser ouvida pela família,pela Igreja e pela sociedade.

Nós Igreja, Família e Sociedade devemos nos abrir a juventude e deixar o " caminho aberto", ao seu protagonismo, nas decisões internas da Igreja, da sociedade e da família, se nós não nos abrirmos outras portas se abrirão portas estas que podem levar os jovens ao caminho sem volta.

" Eis me aqui", é o nosso grito,onde devemos ouvir os seus clamores e também as suas aspirações,angústias,pois a juventude tem vontade de participar e quer viver, não quer ser exterminada pelos dragões da sociedade e seus falsos valores.

Como Igreja devemos ir ao encontro dos jovens,ouvir os seus apelos, angústias e deixar que eles falam, incentivar a sua organização na Pastoral da Juventude e reafirmar a " Opção preferencial pelos jovens e pelos pobres".

Que a Campanha da Fraternidade não seja só vivida no período quaresmal ou em preparação da Jornada Mundial da Juventude, mas o ano inteiro. Que os nossos jovens vivam intensamente esta Campanha da Fraternidade e que façam com que a Igreja, Família e sociedade os olhem com atenção e que assumam o seu protagonismo transformador, na busca de uma nova sociedade, Igreja e famílias.
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* Membro da Equipe Arquidiocesana da Pastoral Operária de Pelotas/ RS

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