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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

O Brasil precisa compreender a importância estratégica da Amazônia

Em pronunciamento na Câmara dos Deputados, ontem (27/02), o Deputado Francisco Praciano (PT-AM) afirmou que a Amazônia tem ficado à margem do “extraordinário avanço econômico e social” que o País conquistou no governo Lula e que continua conquistando no governo Dilma Rousseff. “A Amazônia ainda não foi entendida, pela sociedade brasileira como uma região estratégica. Eu poderia falar com muito ufanismo das coisas da Amazônia, da beleza da sua flora, da quantidade dos seus animais, dos seus vegetais, da riqueza dos princípios ativos da floresta, do tamanho dos nossos rios. Infelizmente, a Amazônia não cresce no mesmo ritmo, não está focada como região estratégica que de fato é”, lamentou o deputado.

O deputado disse, ainda, que “os indicadores sociais da Amazônia, seguem sendo vergonhosos, em contraste com a grande riqueza natural”. Ele argumentou que, enquanto o Nordeste apresenta uma notável melhoria do conjunto de seus indicadores, a Amazônia está até piorando.

Citando dados do Relatório publicado em dezembro de 2010 pelo Instituto IMAZON, que foi produzido com base no Censo IBGE 2010 e, também, com base em dados publicados pelo IPEA e pelo Instituto Socioambiental da Amazônia — ISA, o deputado ressaltou que, embora a região amazônica seja rica em potencial, sua população continua vivendo em estado de pobreza. Alguns dos dados destacados por Francisco Praciano foram:

- Em 2009, 42% da população da Amazônia vivia em extrema pobreza. A média brasileira, naquele ano, era de 29%;

- Na Amazônia, apenas 53% das famílias dispunham de uma alimentação sempre suficiente em 2009 e 11% declararam ter falta de alimento constante. No Brasil, os resultados médios são melhores: 65% da população com alimentação sempre suficiente.

- Enquanto a pobreza extrema no Brasil foi reduzida de 20% para 11%, no Amazonas e no Amapá ela aumentou.

- Na Amazônia, verificam-se 70 mortes para cada 100 mil mulheres durante a gravidez, no parto ou no pós-parto. O mesmo dado para o Brasil é de 50 para 100 mil. Em países desenvolvidos, como o Canadá, é de 5 para 100 mil. Além disso, a gravidez na adolescência na região é a mais alta do Brasil;

- Em 2008, a taxa de incidência de Aids na Amazônia quase alcançou a taxa brasileira (18 casos para cada 100 mil habitantes). Roraima e Amazonas foram os Estados com maior taxa de Aids em 2008, respectivamente, 32 e 26 casos registrados da doença para cada 100 mil habitantes. É na região Norte, inclusive, segundo relatórios oficiais, onde a AIDS mais cresce no Brasil;

- Paradoxalmente, na região que mais tem recursos hídricos do mundo, os serviços públicos de acesso à água potável e ao saneamento básico são precários. Em 2009, 34% da população amazônica não tinha água encanada;

- Até 2008, pelo menos, 81% dos municípios amazônicos não tinham nenhuma rede de coleta de esgoto;

- 35% das cidades da região tinham (e ainda têm) taxas de homicídio superiores à do Rio de Janeiro;

- O bioma só havia atingido, até dezembro de 2010, uma das 8 metas do milênio estabelecidas em 2000 pelas Nações Unidas sobre condições de pobreza, saúde, educação e ambientais para o ano de 2015, que é a meta de redução da mortalidade infantil;

- Enquanto no Distrito Federal existem 4,02 médicos por cada grupo de mil habitantes, de acordo com pesquisa realizada em 2011 pelo Conselho Federal de Medicina, há falta de médicos na grande maioria dos municípios amazônicos: No interior do Amazonas, a razão médico por habitante é de 0,8 para cada mil habitantes; No interior do Acre, é 1.0 para cada mil habitantes. No interior do Pará, a razão é de 0,3 médicos para cada mil habitantes.

- Nos municípios amazônicos não existem, nos hospitais ou postos de saúde, equipamentos como mamógrafos ou tomógrafos;

- Nos municípios amazônicos, praticamente não existem bancos oficiais, como o Banco do Brasil, a Caixa Econômica ou o BASA;

- Faltam professores em Municípios do interior, principalmente professores com curso superior;

- Nos últimos dez anos, perdemos quase 10% da população indígena do Vale do Javari, no Estado do Amazonas, por causa das doenças como a hepatite. Estima-se que 85% da população esteja contaminada por um ou mais vírus da hepatite, sobretudo do tipo “B”.

Ao final de seu discurso, Praciano disse que a região precisa de cuidados especiais, de uma política de Estado capaz de implementar um modelo de desenvolvimento que contemple a defesa, a soberania, o crescimento econômico e a sustentabilidade ambiental.

“Esse é um grito para que nos ouçam. Temos que nos acostumar a ver a Amazônia como brasileira”, finalizou Praciano.

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